25 de fev. de 2009

O PECADO E O JUÍZO- parte 2

Pois então... O carnaval baiano já bombando, eu imaginando o vai-e-vem da Barra - Ondina, o esquente das discussões apimentadas, freqüentes e necessárias sobre camarotes, cordas, o dinheiro, o lucro, a democracia, o público, o privado, o novo, a tradição, tudo isso regado a cervejas e acarajés... A escolha da fantasia, da programação, do tênis, do short, das camisas...

Enfim diante da necessidade de compensar a minha ausência no circuito Dodô, Osmar, Batatinha, Curuzu, Garcia, da pipoca de Daniela Mercury e do 2222, do arrastão da Timbalada, do samba do Alerta Geral e tudo o mais que tem ou se inventa de tradicional no chão soteropolitano, eu fui. Fui e vi Veneza. E não tinha outra! O destino tinha que ser Veneza. Se é para ir a um carnaval, que seja logo o mais conhecido.

Agora vos conto como foram os meus dois dias na “abertura do carnaval” da cidade do mar azul. E lá fomos nós: cinco brasileiros amigos e mais o resto do mundo, franceses, árabes, asiáticos, que habita em Paris, no total de quarenta e quatro pessoas no buzu da excursão.

A saída foi tranqüila, o transporte confortável... A chegada não menos. Lá estamos, sábado, dia 14 de fevereiro. Dia da abertura do evento.

Acomodados em Pádua (Padova, em italiano), cidade próxima, partimos para Veneza, quarenta minutos de trem. Não sabia direito o que poderia esperar do carnaval veneziano. As tradicionais imagens indicam o par, rua e máscaras.

Na descida da estação, diante de uma praça, às margens de uma das ruas de água, os canais, a muvuquinha já mostrava seus dedinhos: lojas de máscaras, pessoas oferecendo o serviço de maquiagem facial, gente mascarada e fantasiada. O meu olho dava um 360 º no espaço. Vontade de ver logo e ver tudo. Mas essa lição já consta no meu manual de viajante e pesquisadora: não se vê tudo de um lugar nunca, ainda mais este lugar tendo tantos becos e ruas, e tantas coisas escondidas ou travestidas nestes dias que podemos ser ou fazer muito mais do que somos no nosso cotidiano.
Os primeiros personagens se anunciam: o palhaço e as crianças. A caminhada prossegue e os outros personagens nos tomam, em quantidade e qualidade, em glamour e beleza. A tônica do trajeto é a marchinha, não a canção, mas o marcher, o caminhar, o andar em pequenos passos, pois as ruas estão cheias de pessoas fazendo a mesma coisa: andando, vendo, se mostrando, fotografando...

A rua não é caminho para chegar a algum lugar. Ela é a chegada nela mesma. E isto resume o ponto central do carnaval veneziano: a espetacularidade estabelecida em espaços definidos e transitáveis do objeto a ser admirado e o outro, a platéia que vê e fotografa. Quase sempre o elo entre o espetáculo e a platéia se afirma pelo glamour. São as roupas que reproduzem certo tom de nobreza e a “plebe” que fica em seu entorno para registrar com o olho mais atuante nos dias de hoje, que é máquina fotográfica.
É impressionante a quantidade e a importância de máquinas fotográficas no circuito da festa.

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