tag:blogger.com,1999:blog-24966804068111503722024-03-08T14:53:33.459-03:00Outros carnavais- Venezaana dumashttp://www.blogger.com/profile/07065893603280341171noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-2496680406811150372.post-25603825099931335972009-02-25T20:38:00.025-03:002009-02-27T09:37:45.975-03:00O PECADO E O JUÍZO - parte 1O Pecado e o juízo - Outros carnavais: Veneza e Salvador<br />Por Alexandra G. Dumas<br /><br /><a href="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SacjG3Y8GwI/AAAAAAAAFAk/qyPJXuc-bOY/s1600-h/Mascarada!.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307249286734158594" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 268px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SacjG3Y8GwI/AAAAAAAAFAk/qyPJXuc-bOY/s400/Mascarada!.JPG" border="0" /></a> Veneza, Salvador...<br />Frio, silêncio, música erudita, fantasia, máscaras, muita gente na rua, a folia...<br />Cerveja, música alta, calor, dança, batuques, muita gente na rua, a folia...<br />Oposições e semelhanças.<br /><br />Para começar uma mesma festa sob um mesmo pretexto e ocasião; o espaço da rua e da praça como cenário; o mesmo motivo para celebração: o carnal, o vale, o tudo, o entrudo, o carnaval...<br /><br />O nome e suas especulações: do latim medieval carnem levare ou carnelevarium: dias mais permissivos que antecedem a quaresma – período de abstinência de carne. São os dias de alívio para entrar na “lei seca”, privação de carnes, da carne... Um esbaldar-se para agüentar os quarenta dias seguintes de penitência. Esta prática é recorrente em diversas religiões. Esse nosso carnaval vem da religião católica, mas este bebeu na fonte de outras festas, profanas, populares, pagãs da Antiguidade, ou seja, somos e viemos mesmo de outros carnavais... É para suportar a abstinência futura que fica valendo todo o excesso. Sem pecado e sem juízo.<br /><br />Histórias e etimologias à parte, aqui estou para mais uma vez tentar entender o Brasil, na situação que vivo atualmente, estando de fora dele, no exílio escolhido para o meu doutorado em Paris. Depois de passar pela lavagem da Madalena, (ver: http://www.soniavandijck.com/alexandra_dumas.htm) agora chego ao ápice da brasilidade, o carnaval.<br /><br />Para os que ainda não me conhecem, sou visivelmente brasileira - mulata acaboclada- e caricaturalmente baiana: sei sambar, conheço o candomblé e jogo um pouco de capoeira. <a href="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SacjWKTiqwI/AAAAAAAAFAs/mSy5tP41SUI/s1600-h/Caricata+na+pra%C3%A7a.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307249549509831426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SacjWKTiqwI/AAAAAAAAFAs/mSy5tP41SUI/s400/Caricata+na+pra%C3%A7a.JPG" border="0" /></a> Imaginem o que é para uma baiana caricata, depois de sete meses em Paris, imersa em roupas, livros e frio ficar de fora da folia e ainda recebendo emails de amigos, divulgação dos ensaios, dos shows, das feijoadas, das camisas, dos camarotes, dos alternativos, das discussões sobre o carnaval baiano...<br /><br />Diante de tais apelos, convites e notícias do carnaval soteropolitano, estando no rigoroso inverno e quase inexistente carnaval parisiense, decidi não cortar os pulsos: saí do chão e resolvi me aventurar numa viagem de excursão saindo de Paris, rumo à Veneza.<br /><br />Duzentos e vinte euros foi o preço desta dose única, remédio antimonotonia que envolvia hospedagem e o transporte de buzu: 14 horas de Paris à Pádua, onde nos hospedamos, até por que ficar em Veneza neste período não é para qualquer um, muito menos para uma estudante bolsista do governo brasileiro. Até me senti culpada por gastar os euros vindos do real brasileiro nesta empreitada individual, mas para mim e para vocês justifico: sou uma pesquisadora dos festejos populares e nada mais justo, aliás, justíssimo que eu e vocês cidadãos fizessem este investimento. Retribuirei com todo empenho que já dedico à minha tese. Mas, como carnaval não é época para culpas e desculpas, vamos à festa...ana dumashttp://www.blogger.com/profile/07065893603280341171noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2496680406811150372.post-20216159106965175902009-02-25T20:38:00.024-03:002009-02-27T09:37:32.173-03:00O PECADO E O JUÍZO- parte 2Pois então... O carnaval baiano já bombando, eu imaginando o vai-e-vem da Barra - Ondina, o esquente das discussões apimentadas, freqüentes e necessárias sobre camarotes, cordas, o dinheiro, o lucro, a democracia, o público, o privado, o novo, a tradição, tudo isso regado a cervejas e acarajés... A escolha da fantasia, da programação, do tênis, do short, das camisas...<br /><br />Enfim diante da necessidade de compensar a minha ausência no circuito Dodô, Osmar, Batatinha, Curuzu, Garcia, da pipoca de Daniela Mercury e do 2222, do arrastão da Timbalada, do samba do Alerta Geral e tudo o mais que tem ou se inventa de tradicional no chão soteropolitano, eu fui. Fui e vi Veneza. E não tinha outra! O destino tinha que ser Veneza. Se é para ir a um carnaval, que seja logo o mais conhecido.<br /><br />Agora vos conto como foram os meus dois dias na “abertura do carnaval” da cidade do mar azul. E lá fomos nós: cinco brasileiros amigos e mais o resto do mundo, franceses, árabes, asiáticos, que habita em Paris, no total de quarenta e quatro pessoas no buzu da excursão.<br /><br />A saída foi tranqüila, o transporte confortável... A chegada não menos. Lá estamos, sábado, dia 14 de fevereiro. Dia da abertura do evento.<br /><br />Acomodados em Pádua (Padova, em italiano), cidade próxima, partimos para Veneza, quarenta minutos de trem. Não sabia direito o que poderia esperar do carnaval veneziano. As tradicionais imagens indicam o par, rua e máscaras.<br /><br />Na descida da estação, diante de uma praça, às margens de uma das ruas de água, os canais, a muvuquinha já mostrava seus dedinhos: lojas de máscaras, pessoas oferecendo o serviço de maquiagem facial, gente mascarada e fantasiada. O meu olho dava um 360 º no espaço. Vontade de ver logo e ver tudo. Mas essa lição já consta no meu manual de viajante e pesquisadora: não se vê tudo de um lugar nunca, ainda mais este lugar tendo tantos becos e ruas, e tantas coisas escondidas ou travestidas nestes dias que podemos ser ou fazer muito mais do que somos no nosso cotidiano.<br /><a href="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadMhrEwokI/AAAAAAAAFBM/S2QXUkwHYv8/s1600-h/pra%C3%A7a+da+esta%C3%A7%C3%A3o.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadMhrEwokI/AAAAAAAAFBM/S2QXUkwHYv8/s400/pra%C3%A7a+da+esta%C3%A7%C3%A3o.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307294827261502018" /></a> Os primeiros personagens se anunciam: o palhaço e as crianças. A caminhada prossegue e os outros personagens nos tomam, em quantidade e qualidade, em glamour e beleza. A tônica do trajeto é a marchinha, não a canção, mas o marcher, o caminhar, o andar em pequenos passos, pois as ruas estão cheias de pessoas fazendo a mesma coisa: andando, vendo, se mostrando, fotografando...<br /><br /><a href="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadNaF_GlJI/AAAAAAAAFBU/3uLaqTk_duM/s1600-h/marchando....JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadNaF_GlJI/AAAAAAAAFBU/3uLaqTk_duM/s400/marchando....JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307295796558206098" /></a> A rua não é caminho para chegar a algum lugar. Ela é a chegada nela mesma. E isto resume o ponto central do carnaval veneziano: a espetacularidade estabelecida em espaços definidos e transitáveis do objeto a ser admirado e o outro, a platéia que vê e fotografa. Quase sempre o elo entre o espetáculo e a platéia se afirma pelo glamour. São as roupas que reproduzem certo tom de nobreza e a “plebe” que fica em seu entorno para registrar com o olho mais atuante nos dias de hoje, que é máquina fotográfica. <br /><a href="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadObOc-drI/AAAAAAAAFBc/n1nnFHJjcp4/s1600-h/Ver-+se,ser+vista.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadObOc-drI/AAAAAAAAFBc/n1nnFHJjcp4/s400/Ver-+se,ser+vista.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307296915522483890" /></a> É impressionante a quantidade e a importância de máquinas fotográficas no circuito da festa.ana dumashttp://www.blogger.com/profile/07065893603280341171noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2496680406811150372.post-26463528566784095962009-02-25T20:38:00.023-03:002009-02-27T09:35:25.119-03:00O PECADO E O JUÍZO - parte 3De início, eu ficava um pouco constrangida em meter a máquina na cara das pessoas, achava invasivo. Em seguida, descobri que a quantidade de máquinas ao redor do fantasiado é uma medida do seu sucesso. Era só mandar um scusa, grazie e ficava tudo bem para todos nós.<br /><br />Mas a presença da máquina fotográfica no carnaval de Veneza, para mim, revela uma das principais características da sua natureza: a contemplação. É uma festa que se organiza para o olhar: o ver e o ser visto. O principal elemento de atração é o fantasiar-se com glamour, como uma representação do figurino mais próximo de tipos aristocratas e nobres e máscaras da commedia dell’arte, tipo de teatro italiano muito popular entre os séculos XV e XVIII que era apresentado nas ruas e praças públicas.<br /><a href="http://2.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafZUELkH4I/AAAAAAAAFDY/JW7BYtcnETg/s1600-h/DSC_0799.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafZUELkH4I/AAAAAAAAFDY/JW7BYtcnETg/s400/DSC_0799.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307449624622276482" /></a> Estrategicamente, os fantasiados que transitam em grupos ou sozinho, andam, param, fazem gestos e pousam para o olhar dos que circulam pelas ruas principais.<br /><a href="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafVWlUNHwI/AAAAAAAAFDI/z4E3HhRnXBg/s1600-h/DSC_0861.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307445269830115074" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 268px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafVWlUNHwI/AAAAAAAAFDI/z4E3HhRnXBg/s400/DSC_0861.JPG" border="0" /></a> <div></div> Nosso trajeto tinha uma meta: conhecer a cidade e chegar à Praça San Marco, marco do carnaval veneziano. É lá onde acontece grande parte da programação oficial: desfile, apresentação de grupos de teatro e de música.<br /><br /><a href="http://3.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafbqADNV5I/AAAAAAAAFDg/Ih7qA87c_qo/s1600-h/Pra%C3%A7a+San+Marco.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafbqADNV5I/AAAAAAAAFDg/Ih7qA87c_qo/s400/Pra%C3%A7a+San+Marco.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307452200493864850" /></a> No caminho, íamos nos encantando com o empenho alegórico das pessoas- personagens. Mas, eu, particularmente, ficava mais atraída pelas crianças, que, pela escolha dos pais, óbvio, em muito reproduziam os costumes usados pelos adultos ou usavam os singelos e impagáveis palhaços.<br /><br /><a href="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafcSa61aGI/AAAAAAAAFDo/dAbtt1k08u0/s1600-h/foli%C3%A3o.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafcSa61aGI/AAAAAAAAFDo/dAbtt1k08u0/s400/foli%C3%A3o.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307452894901266530" /></a> No meio de tudo isso, e para ser turista mesmo no carnaval, andamos de gôndola, comemos pizza, tomamos sorvete, compramos souvenir e, claro, adquirimos e colocamos as nossas máscaras. Escolher a sua máscara é viver um pouco o que o espetáculo da fantasia no carnaval nos oferece, temos a liberdade de escolher o nosso próprio papel, sem diretor e sem produtor para determinar nada. Eu escolhi uma que deixasse a minha boca livre pra falar, comer, beber... Já que depois vem a “quaresma”.<br /><br />Seguindo o nosso roteiro turístico, entrando em beco e nos perdendo, chegamos à Praça San Marco. Na programação oficial constava um desfile de crianças. Chegamos atrasados e não vimos, mas sem problemas. Lá ficamos admirando a grandeza e a beleza da catedral e da própria praça.<br /><br />Anda, vê, fotografa, anda de novo e paramos diante de um tradicional café, inaugurado em 1720, o Florian. Tradicional, lindo e caro. Pegamos uma rápida fila e entramos. Lá dentro, parecia que estávamos dentro de uma cena, em cima de um palco. As pessoas ou personagens estavam lá sentados, exibindo-se, tomando chá e do lado de fora, diante de uma janela de vidro, várias câmaras fotográficas, filmadoras e gente olhando. Sentamos e pedimos o nosso chocolate de dez euros− maravilhoso por sinal − olhamos, fotografamos e saímos. O curioso é que neste lugar, mesmo não estando fantasiada, eu tinha a sensação de ser também uma atração. E gostei de me sentir importante e visível. <br /><a href="http://3.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafdvBYdEQI/AAAAAAAAFDw/C8OJHqfGUEg/s1600-h/Cafe+Florian.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SafdvBYdEQI/AAAAAAAAFDw/C8OJHqfGUEg/s400/Cafe+Florian.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307454485774012674" /></a> Mas o alvo era mesmo as madames e senhores com seus trajes estilo novela de época da Rede Globo.ana dumashttp://www.blogger.com/profile/07065893603280341171noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2496680406811150372.post-35437052160837531942009-02-25T20:35:00.001-03:002009-02-26T23:40:00.409-03:00O PECADO E O JUÍZO - parte 4A programação oficial seguia com concertos e apresentações de grupos. Mas o cansaço bateu e a vontade de voltar para o anonimato também. Trem, Pádua, casa.<br /><br />Dia seguinte, 15 de fevereiro. Ao meio-dia chegamos à praça para ver a “descida do anjo”. Não sei bem do que se trata, mas parece que é um dos pontos altos da festa. Literalmente, pois é a descida de um “anjo” preso num cabo de aço, do alto de uma torre até outra extremidade. Deve ter um sentido histórico relevante, por que a cena em si não tem nada demais. <a href="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadQGAfLHnI/AAAAAAAAFBk/Cm06ly7F1xc/s1600-h/Descida+do+anjo.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307298750019608178" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 268px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadQGAfLHnI/AAAAAAAAFBk/Cm06ly7F1xc/s400/Descida+do+anjo.JPG" border="0" /></a> E aí, mais fantasias exuberantes e mais coisas para ver. Em resumo: é isso o carnaval de Veneza. Beleza para ser vista.<br /><a href="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadRgWiZuRI/AAAAAAAAFB0/mUOCl8Dxw3Y/s1600-h/Poses+e+cliques.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307300302126954770" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 268px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadRgWiZuRI/AAAAAAAAFB0/mUOCl8Dxw3Y/s400/Poses+e+cliques.JPG" border="0" /></a> Mas, voltando ao ponto inicial desta conversa, retomando a festa soteropolitana como a outra referência, o carnaval de Veneza ocupa o espaço da rua como Salvador, mas é de fato, mais contemplativo, como o carioca. É como se percorrêssemos o circuito Sambódromo-Campo Grande para chegar na praça italiana. Nas ruas não têm música e nem bebidas alcoólicas. Não se dança, desfila. Não se canta, conversa. Não se beija, olha-se.<br /><br />E o carnaval de Salvador? Aí é de fato um outro carnaval onde a organização é voltada para a participação, mesmo com toda a reprodução dos desníveis sociais presente nos demais dias do ano, onde conforto e as condições de participação na festa dependem do dinheiro que você pode e quer investir.<br /><br />Mas, entre camarotes e pipocas - foliões que pulam sem pagar para sair dentro dos blocos baianos - a programação de todos está voltada para a realização das sensações corporais do toque, do paladar, do escutar, do rebolar, do misturar-se, do enlouquecer-se e não da distinção entre o que é apresentado e a platéia. Esta divisão não é a vedete do carnaval baiano, mesmo tendo alguns momentos para a contemplação.<br /><br />A relação com o desfrute dos dias que antecedem a quaresma é vivida com mais avidez em Salvador. Em Veneza, o consumo de bebida alcoólica fica restrito aos bares. Em Salvador basta dar alguns passos que ao teu lado tem uma caixa de isopor com cerveja geladinha. Esta relação com o álcool deriva numa outra diferença de comportamento: o álcool potencializa a coragem para a efetivação dos desejos, então, vale a carne, o consumo, o beber, o comer que em muitas vezes não se restringe a ingestão de alimentos, pois, para quem quer, pode se estender para as esferas amorosas, mesmo que furtivas.<br /><br />A conotação sexual mais evidente que encontrei em Veneza foi uma pessoa fantasiada de padre com um objeto fálico na mão, um pênis mesmo.<br /><a href="http://2.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadQuS2DbsI/AAAAAAAAFBs/bJKoPQb8gl8/s1600-h/O+padre+e+o+pau.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307299442142179010" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 268px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadQuS2DbsI/AAAAAAAAFBs/bJKoPQb8gl8/s400/O+padre+e+o+pau.JPG" border="0" /></a> O caráter crítico, subversivo e transgressor dos tradicionais folguedos da Idade Média já não dá o ar da graça com muita freqüência nos dois carnavais. No de Salvador ainda se encontra raramente em blocos de protesto como o Mudança do Garcia, nos travestis e em algumas fantasias. Em Veneza, talvez, apareça na possibilidade de qualquer mortal poder ser nobre. Basta se vestir e sair nas ruas que a plebe fotografará suas poses. A transgressão, a irreverência e a subversão venezianas ficam no poder ser o que não é ou evidenciar o que cada um gostaria de ser, ao menos, momentaneamente. Já em Salvador é poder fazer boa parte do que se quer, sem muita culpa ou julgamentos.<br /><br />Ao estar diante de comparações, corremos o risco de julgar para escolher. E algumas pessoas me fizeram esta proposição. Claro que o meu conhecimento do carnaval veneziano ainda é muito superficial. A minha experiência foi curta. Já no carnaval baiano sou bastante familiarizada. São dois pesos e duas medidas...<br /><a href="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadR2dSqj5I/AAAAAAAAFB8/sa9A8KtkCe4/s1600-h/um+anjo+ca%C3%ADdo.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307300681897119634" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 268px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadR2dSqj5I/AAAAAAAAFB8/sa9A8KtkCe4/s400/um+anjo+ca%C3%ADdo.JPG" border="0" /></a> <a href="http://2.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadSLVT36oI/AAAAAAAAFCE/wLBq-juBtpc/s1600-h/um+anjo+torto.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307301040531958402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 309px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_skhJOpmXPBo/SadSLVT36oI/AAAAAAAAFCE/wLBq-juBtpc/s400/um+anjo+torto.JPG" border="0" /></a>Acho que precisaria conhecer, viver mais. Se vocês quiserem fazer um novo investimento, eu ficaria muito contente em dividir o meu carnaval 2010 em dois lados: norte e sul do Equador, Salvador, Veneza... E aí quem sabe escolher meus carnavais. Com pecados e com juízo.ana dumashttp://www.blogger.com/profile/07065893603280341171noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2496680406811150372.post-2856256316378506662009-02-25T20:34:00.000-03:002009-02-26T08:45:31.930-03:00Ficha técnica.O PECADO E O JUÍZO - Outros carnavais: Veneza e Salvador<br /><br />Texto e fotos: Alexandra Dumas, doutoranda em Artes Cênicas - UFBA / Université Paris X.ana dumashttp://www.blogger.com/profile/07065893603280341171noreply@blogger.com1